Esquecimento
Poesia de Ovídio Spínola
Para morrer, basta estar vivo.
Ninguém escapa.
Tudo parece correr bem.
Mas quando menos se espera,
o Tarzã, o He-Man desmontam.
Seja por uma gripe, dor de dente,
dor de barriga ou cólica renal...
Aí, é um Deus nos acuda!
Parece que tudo vai desabar!
Não há período pior:
o baixo astral, a solidão,
até o choro tomam conta.
E promete-se tudo, ora-se muito,
faz-se de tudo, gasta-se até o que
não tem. Mas o negócio é ficar livre
deste pesadelo!
O temporal acaba, e nós... esquecidos,
mentirosos, voltamos à nossa rotina.
Esquece-se.
Fazemos de conta que nunca estivemos doentes
ou que prometemos alguma coisa naquele período.
Simplesmente, continuamos a viver (faz parte da vida).
É ou não é?
Texto escrito após reflexão sobre uma doença (1989).
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