Filhos
Poesia de Ovídio Spínola
Mas como saber da maciez dos cabelos?
do sorriso banguelo, dos movimentos singelos.
Como saber da pele macia?
Das noites que não dormia?
Será melhor ficar pra titia?
Filhos! Melhor não tê-los.
Xixi, cocô, choros infinitos, além de muitos gritos...
Mas ... a simpatia... a formosura do bebê...
a beleza... o sorriso... a importância... a falta dele...
o banho... as brincadeiras... as observações... o olhar...
Que olhar bonito! que olhos! que boca!
E quando pelado? o saco... a bunda... as dobrinhas...
a força de expressão... Que simpatia!
Filhos! É melhor não tê-los.
Mas como saber ser pai?
como sentir ser filho?
como compreender a criação?
inclusive, aquela que recebemos?
Como, de outra maneira, sentir tanto amor?
Seu sangue... sua cara... seu filho...
É muito bom! é muita emoção!
Como ser homem, sem ser pai ou filho?
É! Filhos!
Filhos! É preciso tê-los, e muitos!
Texto escrito no Hospital São Lucas, na noite do nascimento do meu segundo filho (11/MAR/87).
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